Dom Pedro Casaldaliga, um visionário pela educação

Dom Pedro Casaldáliga

Quando assumiu a Prelazia de São Félix do Araguaia, no começo dos anos de 1970, o bispo Dom Pedro Casaldáliga observou logo que era preciso mudar uma dura realidade: a dos jovens do lugar. A falta de escolaridade era patente, pois na cidade faltava escola com melhor estrutura e com professores melhores qualificados. Na época, os alunos terminavam o primário e se aposentavam da escola por falta de oportunidade de estudar mais. Foi então que em parceria com a comunidade local e com recursos vindos de amigos do bispo, que a Prelazia começou a construir uma escola de ensino fundamental e médio (primário e ginasial) que pudesse servir de modelo para o norte do Mato Grosso. Fundou-se então o Ginásio Estadual Araguaia (GEA), que pela capacidade de ensino e pela excelente estrutura que oferecia aos alunos, veio a atrair dezenas de jovens de outras cidades para São Felix do Araguaia. De São Paulo, Dom Pedro trouxe grandes professores, a maioria deles formados na Universidade de Campinas (UNICAMP), como Hélio, Vaime, Elmo, Tereza, Irmã Irene, e os padres espanhóis, Pedrito, José Maria, e tantos outros que ajudaram a melhorar o nível de ensino dos jovens da região. Certa vez, durante uma reunião com os alunos, Dom Pedro disse que a missão do colégio, além de dar oportunidades de crescimento escolar para cada aluno que estava ali, também tinha a obrigação de formar o cidadão de amanhã, homens do bem, pessoas dignas de viver e convier em comunidades. E assim foi feito, a maior parte dos alunos daquela época, se tornaram realmente pessoas com largo sentimento humano, com absoluto respeito à vida e a natureza. Mas quando tudo parecia que ia bem, surgiu os generais da Ditadura Militar, no final de 1973,  e tirou o GEA das mãos da Prelazia, por que suspeitaram que o bispo e seus auxiliares poderiam ter alguma relação com a Guerrilha do Araguaia. Este fato nunca foi provado. O que aconteceu, de fato, foi sim, um duro golpe na educação de São Félix do Araguaia, que com a medida tomada pelos militares, perdeu seus melhores professores, todos voltaram para São Paulo. A Prelazia continuou, mas sem o GEA, uma tristeza que se abateu entre os jovens de toda região e que marca nossas lembranças até hoje.